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terça-feira, abril 03, 2012

O fim da guerra dos sexos


Andrej Pejic, o modelo genderless que está personificando o movimento andrógino. / Fonte: favim.com



Narciso, de Caravaggio. / Fonte: pt.wikipedia.org
    Graças ao movimento não tão novo, a globalização, a mulher passou a ser cada vez mais independente desde então. Hoje ela divide as contas em casa, enquanto ele ajuda a cuidar dos filhos. Ela anda de carro, ele cozinha. Ela trabalha, ele também. Para tanta afinidade e tanta semelhança de papéis, o gênero passou a ser apenas um detalhe. Foi assim que a androginia pegou impulso.
    Para quem pensa que androginia é assunto apenas dos moderninhos, está redondamente enganado! Pode-se encontrar vestígios genderless já nas pinturas de Caravaggio, famoso pintor italiano (1571-1610), onde alguns homens possuíam traços bastante feminilizados.
Dândis ingleses.  / Fonte: ocabide.com
    Em um tempo mais à frente, encontram-se os dândis ingleses e ainda mais adiante, a querida Gabrielle Chanel, que exibia as roupas emprestadas de seus namorados sem nenhum receio, para a surpresa da sociedade parisiense pós-belle époque, que ainda estava imersa no mundo dos exagerados chapéus e saias amplas. Nos anos 1960 encontramos no cinema a musa Marlene Dietrich, vestindo smoking de Saint Laurent. Nos anos 1970, David Bowie, um andrógino legítimo! E como é o andrógino de hoje? Houve uma evolução neste lento processo, e não se vê mais um homem afeminado ou uma mulher masculinizada, há apenas trocas no armário que antes não eram feitas. Sociedade de mente aberta, guarda-roupa mais livre; simples assim.
    Andrej Pejic, modelo sérvio, desfila para marcas como homem e como mulher, sendo um destaque andrógino no século XXI. "A geração Y já nasceu com o acesso à internet, sem muitas restrições. São jovens que sabem que é possível ser roqueiro, nerd, surfista, fashionista, ou homem e mulher ao mesmo tempo. O mundo está se adaptando. Hoje temos mais liberdade", diz Cadinho Bräutigam, estilista da Auständer à Elle.

Gabrielle Chanel e seus looks no estilo marinheiro. / Fonte: shoppingpaulista.com.br
   
David Bowie. / Fonte: popchiq.wordpress.com
 Os estilistas estão se antenando cada vez mais, e é claro, não estão deixando passar batido a tendência andrógina. A marca australiana Trimapee, por exemplo, cria peças que servem tanto para mulheres quanto para homens, indicando na etiqueta como genderless. Essa tendência não está se restringindo apenas a marcas ousadas; os impérios da moda também estão aderindo, como por exemplo, Chanel, com seus costumes na passarela outono/inverno 2012, Balenciaga, onde Gisele Bündchen foi clicada com um look bem masculino em uma campanha, Marc by Marc Jacobs e Dolce & Gabanna. No Brasil, o desafio da androginia parece ser maior, tendo em visto que nossa moda feminina é muito sensual, e a masculina... Muito máscula. Mas experts como os estilistas João Pimenta e Mário Queiroz vêm fazendo um super trabalho nas passarelas, tendo em vista o público-alvo, que está aderindo cada vez mais a essa ideia de trocas de araras dentro das lojas.
    Para ninguém passar vergonha, é bom avisar que androginia não se relaciona a opção sexual. É hora de acordar para os novos e inusitados tempos.

Campanha da marca australiana Trimapee. / Fonte: fashionjournal.com.au


Gisele Bündchen para Balenciaga. / Fonte: comunidade.xl.pt

Andrej Pejic para Marc by Marc Jacobs. É possível ver traços andróginos nas peças, o que combina perfeitamente com a escolha do modelo sérvio. / Fonte: modismonet.com

Campanha andrógina de Dolce & Gabanna. / Fonte: ojaclubfashion.blogspot.com 

    Mil beijos! ;)

(Fonte: Revista Elle, edição 280 - ano 24, setembro de 2011)

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